segunda-feira, 23 de março de 2015

Passo do enlaço

E se eu te dissesse 
Que o que houve
Já ninguém mais ouve falar
E mesmo que falem
Mesmo que esbocem algo
Jamais ousarão imaginar

O que foi que ainda é
Como pode ser 
Que ainda será?

É de fogo e é de terra
É como uma noite eterna
É não saber onde vai dar 

E num sentido meio vão 
Andar na contra-mão 
Deixar-se desdobrar

 Vou pelos cantos desatando
O nó que vai se alargando
enquanto você tenta me atar

E o tempo que em mera quimera
Até parece que espera
Mas está por nos desatar

Se eu que te tenho tanto
Sou por ti que por não sei quantos, neste baile não fosse adentrar
Eu enfim não saberia até onde o horizonte alcança  

Mas seguimos na mesma dança
Nesse passo que a gente não cansa de bailar

Está na sonoridade e timbre
Na altura e textura
Do singelo singular som
Feito pelos nós em que nos atamos
As fendas que criamos
Explosão e silêncio entre meandros.
Feito por nós a sós.
Feito por vozes de nós.
Mais nem um.

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