Não sei de onde venho,
que idade tenho
só sei da carne morta
a torturar minha sombra
e dos três dedos que me tratam
e sorriem
e não desejam minha partida.
Devoro eras antigas
com as mãos ainda cruas
(as estrelas se desfizeram
na febre manca).
Os pés de plástico afundam na areia clara,
na areia-tempo
e ampulheta
a escoar a superfície inconsistente.
Quem é só deste mundo não pode ver
do quanto sou
enquanto estou
aqui.
Clarice Shaw.
Nenhum comentário:
Postar um comentário