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segunda-feira, 1 de julho de 2013

Do lado de fora

Do lado de fora
tudo é infinito sem estrelas
e sem morada
porque tudo é um só
e não há mais para onde fugir
e não há mais porque fugir

e não há mais o que se possa ser
ou o que se possa ter.

E eu não tenho nada.

Mentira, eu tenho medo.

Do lado de fora
tudo é vazio e sem estrelas
porque não há mais nada
e as constelações se dissolveram
enquanto você se expandia.

Porque não posso mais partir
nem tocar na face
que me olha do espelho.

Porque não posso mais partir
sem me espelhar
no que está lá fora.

Porque não consigo escapar.
Por que não consigo escapar?

Para que o infinito
se as estrelas se foram?

A morte agoniza
e me beija seus caminhos.

Do lado de fora
é tudo infinito
e tudo é um só
e tudo está sozinho.

Clarice Shaw

sábado, 25 de maio de 2013

Sentido

camisas de vênus
em eunucos barrocos

anéis de saturno
sob os olhos fechados

auroras nascentes
de ocasos sangrentos

distância infinita
de eclipse claro

flores mortas serenas
sobre velhos defuntos

mãos cegas despertas
tocando sussurros

cores frágeis em lua
de sorriso mudo

algodão insone caído
no céu noturno

cantiga de ninar
em quem não anoitece

dorme, menino,
teu carinho é uma prece

a realidade
é um sonho comprido...

a vida inteira
não é mais que um suspiro.


Clarice Shaw

domingo, 19 de maio de 2013

Mecanicidade

Por trás da prisão sem muros dos dias
reflito a fugacidade
sob o céu nublado.

A eternidade é apenas um passo
além de mim.

Sou resultado de tudo o que se foi
e encarcerei a minha alma
em cada um dos meus desejos.

Tudo termina
dentro de um novo início
e o futuro é o passado esquecido
que se repete
sem conhecermos como ocorrido.

Adormeço a mesma noite
que me sorriu todas as mortes.

As luzes se calam dentro das trevas
que me propus.

Só o silêncio me conduzirá de volta.


Clarice Shaw
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